Feedback após miniexercício clínico avaliativo - mini cex no internato médico de uma faculdade no nordeste do Brasil: um estudo tipo corte transversal.

Abstract

Introdução: o Miniexercício Clínico Avaliativo (Mini-CEX) constitui instrumento de avaliação formativa baseado na observação direta da prática profissional e posterior feedback (FB). O FB promove ganhos em julgamento clínico, organização/eficiência e aprendizagem autodirecionada; aprimora conhecimentos, habilidades e atitudes, por meio da consciência das deficiências e motivação para corrigi-las. Objetivo: analisar o FB fornecido aos internos de medicina da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) ao final do Mini-CEX realizado nas enfermarias do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP) entre janeiro e junho de 2014. Método: estudo do tipo corte transversal com análise de 125 sessões de FB envolvendo 125 estudantes e 23 preceptores. As sessões foram gravadas e transcritas na íntegra. As categorias de base do FB de cada sessão (reforço positivo, recomendações, interação preceptor/estudante, autoavaliação e plano de ação) foram analisadas individualmente por três pesquisadoras e a concordância de duas delas classificava cada categoria como realizada ou não. Foram obtidas medida de tendência central e dispersão (medianas – quartis) para as variáveis contínuas e a distribuição de frequência (percentual) para as variáveis categóricas. A verificação das associações foi realizada em duas etapas: a análise bivariada na primeira e a análise multivariada na segunda. Foi utilizado o teste do quiquadrado ou exato de Fisher quando indicado. Para a força da associação foi utilizada a razão de prevalência. O nível de significância foi de 5,0%. O modelo de regressão multivariado foi construído incluindo variáveis com nível de significância de até 20,0% na análise bivariada. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da FPS. Resultados: em 43,2% das sessões, a duração do FB foi entre cinco e dez minutos. O reforço positivo global, a interação entre preceptor e estudante, e a promoção da autoavaliação foram observados em respectivamente 55,2%, 49,6% e 16,8% das sessões, enquanto que a elaboração de um plano de ação em apenas 6,4%. Foram observadas associações após o ajuste para potenciais variáveis de confundimento: a interação preceptor/estudante foi associada com o preceptor mestre e/ou doutor (p=0,019) e com o escore de desempenho do estudante regular/bom (p=0,001). A promoção da autoavaliação com o exercício da função de tutor (p=0,011) e com a alta complexidade do caso (p=0,003) e a elaboração de um plano de ação, por sua vez, com o preceptor mestre e/ou doutor (p=0,034) e com a alta complexidade do caso (p=0,028) Conclusão: houve subutilização do FB como instrumento de avaliação formativa especialmente em relação à promoção da autoavaliação e a elaboração de um plano de ação.