Avaliação das características do racismo em discentes, docentes e funcionários de uma faculdade de saúde do Recife: elaboração de um podcast.

Abstract

Cenário: A presente pesquisa acontece em uma instituição de ensino superior da área de saúde, da cidade do Recife. Partindo da confirmada existência do racismo, este estudo procura entender como se caracteriza, dentro de instituições de ensino superior, a reprodução de um preconceito racial, que estrutura o racismo no Brasil. Entendendo que o reconhecimento do racismo na sociedade brasileira é de fundamental importância para possibilitar a igualdade racial, buscam-se estratégias de inserir esse diálogo dentro das faculdades, em todos os públicos, discentes, docentes e funcionários, para uma efetiva mudança no panorama educacional e a consequente mudança na sociedade. Objetivo: Avaliar o preconceito racial de discentes, docentes e funcionários de uma faculdade de saúde do Recife. Método: Estudo transversal realizado com os discentes, docentes e funcionários da instituição. Foi disponibilizado um questionário sócio demográfico e a Escala de Racismo Moderno, de forma on-line, através do software LimeSurvey. Na escala utilizada as variáveis foram avaliadas a partir de uma escala tipo Likert, com 5 alternativas, variando de concordo plenamente até discordo plenamente, sendo o item 3 neutro. Também foi elaborado um podcast, contendo informações sobre as características do preconceito racial encontrado na instituição pesquisa e as formas de combatê-lo. Resultados: Avaliando o ranking médio, de forma geral, dos participantes da pesquisa, nos fatores de negação do preconceito (( = 1.64, DP = 0,6) e afirmação de diferenças (( = 2,18, DP = 0,9), percebe-se claramente maior endosso das ideias representadas por este segundo fator. A relação afirmação das diferenças e raça/cor proporcionou os seguintes resultados: raça/cor branca (( = 2,13, DP 0,8); raça/cor parda (( = 2,32, DP 0,9) e raça/cor preta (( = 2,01, DP 0,8). A relação afirmação das diferenças e a variável sexo proporcionou os seguintes resultados, sexo feminino (( = 2,11, DP 0,9), sexo masculino (( = 2,41, DP 0,9) e o total com a variável sexo (( = 2,18, DP 0,9). Na relação entre afirmação das diferenças e idade pode-se concluir que pessoas com mais idade têm um ranking médio de afirmação das diferenças maior (valor de p = 0,006). No podcast elaborado, com formato de áudio e abordagem informativa, foi exposto as características do preconceito sutil encontrado na presente pesquisa, e as diversas formas de combate-lo, de forma específica, para discentes, docentes e funcionários. Conclusão: A avaliação do preconceito racial na população estudada demonstra que a afirmação das diferenças, ou seja, o reforço de estereótipos sobre a população negra, é a principal característica da reprodução do preconceito racial. Com isso, a elaboração do podcast visa sensibilizar o público alvo sobre a importância de dialogar sobre essa temática dentro das instituições de ensino superior, através de ações sistemáticas e efetivas de prevenção e combate. Palavras-chave: Racismo; estereótipos; discriminação; educação em saúde; podcast