Educação em saúde: vivência de enfermeiros da estratégia saúde da família no interior de Pernambuco

Abstract

Cenário: Nas últimas décadas, o cenário de assistência à saúde no Brasil, fortaleceu a promoção da saúde e a prevenção da doença por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF) e através da Política de Promoção à Saúde. No contexto da atenção primária, a educação em saúde é inserida como uma atividade que deve ser desenvolvida com a participação e a responsabilidade de todos os profissionais que compõem a equipe de saúde nos serviços de assistência à saúde, assumindo um importante papel na afirmação e no fortalecimento dos princípios do SUS, ao proporcionar um contato direto com os usuários, garantindo um mecanismo de interlocução entre gestão, profissionais e usuários de saúde. Objetivo: Compreender a vivência de enfermeiros da ESF no desenvolvimento das ações de Educação em Saúde de um município do Interior de Pernambuco. Métodos: Estudo descritivo de abordagem qualitativa. A coleta dos dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas. Para a análise das entrevistas, foi utilizada a técnica Análise de conteúdo na modalidade análise temática. As entrevistas foram realizadas individualmente na instituição de saúde, após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram preservados os preceitos éticos estabelecidos pela Resolução 510/16 do Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade Pernambucana de Saúde, com parecer número 3.033.526. Resultados: Os resultados dessa pesquisa geraram dois produtos, um artigo científico intitulado “Educação em saúde: vivência de enfermeiros da estratégia saúde da família” e um guia prático produzido com o objetivo de auxiliar os enfermeiros da ESF na execução e planejamento das ações de educação em saúde a ESF. Foram entrevistados oito enfermeiros da ESF, seis eram do sexo feminino. A idade dos participantes variou entre 28 e 52 anos, a média de idade foi de 38,3 anos. A maioria dos participantes eram casados e dois não possuíam filhos. Quatro participantes se graduaram em universidades públicas e quatro em instituições privadas. A maioria possuía mais de dez anos de formação. Todos os enfermeiros cursaram pós-graduação latu senso em diversas áreas da saúde e três na área de saúde pública. Dos enfermeiros participantes, dois eram mestres na área de educação, cinco eram efetivos e três eram contratados temporários. Cinco entrevistados possuíam mais de um vínculo empregatício, além da ESF. Cinco profissionais estavam há mais de cinco anos na ESF e os demais atuavam há menos de 3 anos. Todos os participantes afirmaram possuir experiência em outro nível de atenção à saúde, além de afirmarem ser cristãos. A partir da análise do conteúdo das entrevistas emergiram quatro categorias: Desenvolvimento das ações de educação em saúde na perspectiva dos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família (ESF), Planejamento das ações educativas pelos enfermeiros, Estratégias utilizadas nas práticas educativas e Potencialidades e fragilidades na execução das Ações Educativas em Saúde. Discussão: Na primeira categoria: Desenvolvimento das ações de educação em saúde na perspectiva dos enfermeiros da Estratégia Saúde da Família (ESF), os participantes relataram como executam e desenvolvem as ações de educação em saúde nas ESF. Os enfermeiros ressaltaram a importância do trabalho em equipe, buscando engajar cada membro da ESF em todas as etapas do processo de desenvolvimento das atividades educativas. A segunda categoria denominada Planejamento das ações educativas pelos enfermeiros: os participantes descreveram como é realizado o planejamento das ações educativas que serão executadas na ESF. Nas reuniões mensais da ESF são definidas as datas e os temas a serem abordados na execução das atividades educativas. A categoria seguinte denominada Estratégias utilizadas nas práticas educativas, os entrevistados elencaram as abordagens utilizadas nas ações de educação em saúde na ESF. O uso de palestras, banners e panfletos foram trazidos como os principais métodos utilizados nas atividades educativas do serviço. Na última categoria: Potencialidades e fragilidades na execução das Ações Educativas em Saúde, os enfermeiros apontaram os pontos fortes em suas práticas educativas de saúde, tais como: a troca de experiências na unidade de saúde através da problematização e da valorização do conhecimento prévio dos usuários, como também a promoção de ações com resultados positivos na comunidade. Considerações Finais: A educação em saúde é ferramenta utilizada pelos enfermeiros para auxiliar na prevenção de doenças, com metodologias pautadas na transmissão de conhecimento, a fim de favorecer mudanças de comportamento do indivíduo e/ou da população. É necessário que os gestores garantam condições para a execução das atividades educativas nas ESF através de disponibilização de recursos materiais, investimento em estrutura física das unidades de saúde e promovam ações de educação permanente aos enfermeiros da ESF.