Avaliação das competências clínicas específicas no processo de ensino-aprendizagem: percepção dos acadêmicos de enfermagem

Abstract

Introdução: O cenário educacional atual nos permite caracterizar o predomínio de uma cultura avaliativa deficiente privilegiando os aspectos cognitivos e os procedimentos somativos, marginalizando o impacto educacional da avaliação sobre os estudantes refletindo em sua formação que objetiva um profissional generalista, humanista, crítico e reflexivo competente para realizar os seus recursos cognitivos, afetivos e psicomotores. A Avaliação de Competências Clínicas Específicas em Cenários Simulados e de Prática Real para o curso de em Enfermagem se configura com a aplicação do Objective Structured Clinical Examination (OSCE) e do Mini Clinical Evaluation Exercise (Mini-CEX) objetivando qualificar ao máximo o estudante. O OSCE, que tem como objetivo avaliar uma sequência de situações específicas, de forma estruturada em estações, com uma lista de tópicos a serem observados (checklist). Já o Mini-CEX, é um dos mais utilizados para avaliação de evento individual, instrumento no qual um observador avalia o desempenho do estudante durante a execução de uma determinada tarefa ou encontro clínico conseguindo identificar e corrigir deficiências de desempenho, não interferindo na rotina do serviço. Objetivo: Compreender as repercussões da Avaliação de Competências Clínicas Específicas em Cenários Simulados e de Prática Real no processo de ensino-aprendizagem em estudantes de enfermagem. Método: Trata-se de um estudo qualitativo realizado em uma faculdade de saúde em Recife – Pernambuco. A coleta de dados foi realizada em fevereiro de 2015 e a população do estudo foi composta por estudantes do último ano do curso de Bacharelado em Enfermagem através de um grupo focal. Para a análise foi empregada à técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin. Resultados: Definiram-se três categorias distintas: 1) As repercussões do Teste de Habilidades Clínicas Específicas no processo ensino-aprendizagem; 2) percepção sobre os domínios de aprendizagem que compõe o Teste de Habilidades Clínicas Específicas; 3) Potencialidades e fragilidades do Teste de Habilidades Clínicas Específicas no processo ensino-aprendizagem. A avaliação através do Teste de Habilidades Clínicas Específicas é um processo válido e reconhecido pelos estudantes, porém existe incompreensão dos domínios cognitivo, psicomotor e afetivo. E as dificuldades relatadas pelos mesmos foram relacionadas principalmente a falta de informações sobre o processo avaliativo e a forma de avaliar de alguns tutores. Conclusão: Diante dos achados desse estudo, os estudantes têm conhecimento sobre o conceito de avaliação, porém, sua relação mais direta relaciona-se a aspectos somativos. Há percepção do aumento no nível de complexidade do instrumento ao longo do curso, porém, sua efetividade avaliativa parece sofrer interferência direta da falta de informações sobre a importância pedagógica da avaliação através dos domínios cognitivo, psicomotor e afetivo. No entanto, embora haja certa incompreensão dos domínios acima citados, a avaliação através da avaliação de competências clínicas específicas, é um processo válido e reconhecido pelos estudantes.