A opinião de médicos e enfermeiros das equipes de saúde da família sobre o apoio matricial com ênfase na dimensão de suporte técnico-pedagógico para educação permanente em Recife-PE.

Abstract

Cenário: em 2009, a Secretaria de Saúde do Recife com a implantação do modelo de atenção e gestão chamado Recife em Defesa da Vida ofertou novos dispositivos e instrumentos voltados para a qualificação do processo de trabalho das Equipes de Saúde Família (ESF), dentre eles, o Apoio Matricial (AM). Esse apresenta-se como instrumento que auxilia as práticas das equipes de saúde. Objetivo: conhecer a opinião dos médicos e enfermeiros das ESF, da Secretaria Municipal de Saúde do Recife, sobre o AM em relação a três dimensões: como suporte técnico-pedagógico para educação permanente; como retaguarda assistencial para formação de redes na atenção básica e enquanto processo de trabalho na saúde. Método: foi realizado um estudo de corte transversal envolvendo 121 profissionais das ESF dos seis Distritos Sanitários (DS) no período entre agosto e outubro de 2013. Foi utilizado questionário com repostas tipo Likert, onde a pré-validação do instrumento ocorreu em duas etapas: a validação semântica por grupo focal e a validação de conteúdo por juízes treinados. A verificação da concordância ou discordância das questões foi obtida pelo cálculo do Ranking Médio (RM), onde os valores acima de 03 indicavam concordância, abaixo de 03 discordância e igual a 03, neutralidade. A avaliação da consistência interna das respostas foi identificada pelo teste de Alfa de Cronbach. Resultados: houve concordância na opinião dos profissionais em relação aos aspectos estudados nas três dimensões de análise. Na dimensão relativa ao suporte técnico-pedagógico, registraram discordâncias: no DS I, quanto ao apoio matricial favorecer práticas clínicas tradicionais prescritivas (RM 2,7), no DS VI, quanto ao NASF sempre promover encontros de AM (RM 2,4) e discutir as situações clínico-institucionais e de Saúde Coletiva (RM 2,8). Na dimensão relativa à retaguarda assistencial houve discordância no DS I sobre o NASF fazer parte da ESF (RM 2,7) e no DS V, houve neutralidade quanto à busca por AM na identificação de casos complexos (RM 3,0). No DS V, registrou-se neutralidade na opinião quanto a todos os profissionais da rede de atenção à saúde poder promover encontros de apoio matricial (RM 3,0). O Alfa de Cronbach apresentou resultados acima de 0,89. Conclusão: houve concordância dos médicos e enfermeiros da ESF sobre os pressupostos teóricos do AM, como suporte técnico-pedagógico para educação permanente, como facilitador na formação de rede de atenção à saúde e como auxiliar na organização do processo de trabalho na atenção básica de saúde. Essa posição aponta para a necessidade de serem ofertados dispositivos que auxiliem a qualificação das práticas dos profissionais na atenção básica de saúde.