Vivências de estudantes de medicina sobre a prática colaborativa interprofissional em um serviço de emergência geral

Abstract

RESUMO Introdução: A formação médica exige constante atualização dos métodos educacionais para garantir a qualidade da assistência à saúde. Nesse cenário, a Educação Interprofissional (EIP) desponta como estratégia inovadora ao promover a interação entre estudantes e profissionais de distintas áreas, favorecendo o aprendizado mútuo e a compreensão integral do cuidado. Sua inserção em serviços de emergência potencializa o trabalho em equipe, a articulação de saberes e a humanização do atendimento. A prática colaborativa interprofissional, nesse contexto, constitui oportunidade relevante para qualificar a formação médica e a assistência prestada. Objetivo: Compreender as vivências de estudantes de Medicina acerca da prática colaborativa interprofissional em um serviço de emergência geral. Método: Estudo qualitativo, de caráter descritivo e abordagem fenomenológica, desenvolvido no Serviço de Emergência Geral do Hospital Regional do Agreste Dr. Waldemiro Ferreira (HRA), localizado em Caruaru, Pernambuco, entre junho de 2024 a maio de 2025. Participaram do estudo 10 estudantes do internato em Medicina da Universidade Federal de Pernambuco – Centro Acadêmico do Agreste, selecionados por amostragem intencional. O número de participantes foi definido pelo critério de saturação teórica. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas, gravadas e transcritas integralmente, abordando vivências em práticas colaborativas, percepções sobre benefícios, fragilidades e impactos da EIP, além de sugestões para a assistência interprofissional no serviço. O material foi analisado com base na análise de conteúdo na modalidade temática, conforme Bardin. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da AECISA (CAAE: 78719324.3.0000.5569), conforme a Resolução nº 510/2016 do CNS e os princípios da Declaração de Helsinque. Resultados: Foram desenvolvidos dois produtos acadêmicos: (1) um artigo científico intitulado “Prática colaborativa interprofissional em um serviço de emergência: vivências de estudantes de Medicina” e (2) um manual técnico-educacional sobre a prática colaborativa interprofissional na emergência clínica, voltado a profissionais de saúde, gestores, docentes e discentes. Participaram estudantes sem formação acadêmica prévia, com idade predominante entre 23 e 25 anos, majoritariamente solteiros(as) e naturais de diferentes municípios da região. Emergiram cinco categorias temáticas: (1) Experiência com a Prática Colaborativa Interprofissional (PCI), evidenciando a integração entre diferentes profissionais e a ampliação da compreensão sobre os papéis no cuidado; (2) Pontos fortes e limitações da PCI, destacando avanços na comunicação e no trabalho em equipe, mas também barreiras estruturais e hierárquicas; (3) Repercussão da PCI na assistência à saúde, associada a maior resolutividade, segurança e humanização do atendimento; (4) Sugestões para a PCI na emergência, com ênfase em treinamentos conjuntos, protocolos e apoio institucional; e (5) Percepção de preparo para a PCI, marcada por divergências entre a confiança de alguns participantes e a insegurança de outros, reflexo do caráter ainda incipiente da EIP na formação médica brasileira. Conclusão: a EIP constitui-se em estratégia fundamental para o fortalecimento das competências de cooperação, comunicação efetiva e tomada de decisão compartilhada. Nesse sentido, a PCI em cenários de emergência revela-se indispensável para assegurar uma assistência qualificada, integrada e centrada no paciente. Palavras-chave: educação em saúde; educação interprofissional; serviços médicos de emer-gência.