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Título: A atuação dos profissionais de equipes de saúde da família da cidade do Recife nos cuidados à saúde mental na infância
Autor(es): FERRAZ, Karina Farias
LEITE, Isabelle Diniz Cerqueira
BARBOSA, Leopoldo Nelson Fernandes
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado Profissional em Psicologia da Saúde
Palavras-chave: Atenção Básica
Estratégia de saúde da família
Equipes de saúde da família
Saúde mental
Data do documento: 2023
Resumo: RESUMO CENÁRIO: O desenvolvimento de ações na prevenção e promoção da saúde na infância resultou na diminuição da mortalidade infantil ao longo das últimas décadas. Contudo, um dos maiores desafios contemporâneos é o diagnóstico e o tratamento de transtornos mentais na infância e adolescência. Estima-se que no Brasil em torno de 13% das crianças e adolescentes têm algum problema de saúde mental. Entretanto, apesar dos índices relevantes, apenas 37,5% dos casos graves e crônicos receberam algum tratamento num período de cinco anos. Diante de tal cenário, algumas dificuldades apontadas são a escassez de profissionais habilitados para a identificação de possíveis sinais e sintomas que indiquem necessidade de tratamento específico. Com a conjuntura das Unidades de Saúde da Família (USF) no SUS sendo lugar de resolução de até 90% dos problemas de saúde, percebe-se que investir na Atenção Básica pode trazer maiores benefícios para minimizar as lacunas na saúde mental infantil. OBJETIVO: O presente estudo teve como objetivo investigar como os profissionais das equipes de saúde da família têm contribuído nos cuidados da saúde mental na infância. MÉTODO: Tratou-se de estudo descritivo, tipo corte transversal, o qual foi realizado no período de janeiro de 2022 a fevereiro de 2023. A população do estudo foi composta por 69 profissionais das equipes de Saúde da Família (eSF) que atuam nas Unidades de Saúde da Família (USF’s) de todos os Distritos Sanitários da cidade do Recife-PE. Todos eram profissionais que tinham vínculo com a USF por mais de seis meses, sendo excluídos aqueles que estavam de férias ou em licença no período da coleta de dados. Os dados foram coletados por meio de um questionário eletrônico desenvolvido com base nos itens do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) com foco na atuação dos profissionais na saúde mental (cujas variáveis consideradas foram a percepção de proatividade, saber informar demandas em saúde mental infantil, necessitar de ajuda de um profissional especializado, atuação no processo de referência/contrarreferência, realizar ações para crianças em uso crônico de psicotrópicos). Também foi utilizado um questionário sociodemográfico (com variáveis como sexo, idade, profissão, escolaridade, tempo de vínculo e tipo de vínculo na unidade, distrito sanitário o qual pertence). As respostas foram analisadas através do software R, e foram utilizadas as seguintes análises estatísticas: testes de qui-quadrado e teste de fisher. ASPECTOS ÉTICOS: A pesquisa somente teve início após a aprovação do CEP (Comitê de Ética e Pesquisa) e o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) foi enviado através de link para os profissionais de nível superior que atuam nas USF’s e aceitaram participar da pesquisa, a qual atendeu os aspectos éticos da resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde. Os riscos oferecidos aos participantes foram mínimos, como a sensação de tédio e de perda de tempo ao responderem os questionários, cansaço na visão ou no corpo devido ao tempo em que ficaram diante da tela do computador ou do celular e na mesma posição. Também poderiam provocar incômodos ou inquietações, visto que as perguntas do questionário, por sua vez, suscitariam lembranças ou sentimentos desagradáveis relacionados aos seus processos de trabalho. Os participantes seriam retirados do estudo caso tais sensações ocorressem e fosse esse seu desejo. Quanto aos benefícios, destaca-se a possibilidade para os participantes revisarem e problematizarem seus processos de trabalho, o que pode impulsionar possíveis mudanças na qualidade de seus atendimentos nas USF’s. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Do total de 69 participantes, as profissões com maior participação foram médicas, agentes comunitários de saúde (ACS) e enfermeiros (41,79%, 32,84% e 11,94% respectivamente). A maioria dos participantes (54,41%) tinha mais de 10 anos de tempo de vínculo na USF. Grande parte da amostra (73,53%) se considerava proativo na identificação de demandas em saúde mental e 80,6% dos participantes atendia casos de problemas de saúde mental em crianças. Porém, 95,59% dos participantes achavam que precisaria da ajuda de um profissional especializado para identificação correta de problemas em saúde mental. Parte significativa da amostra (88,24%) relatou não ter preparação para o atendimento nesse campo. Verificou-se que saber informar as principais demandas em saúde mental infantil apresentou relação significativa (p = 0,008) com a autopercepção de ser proativo na identificação de demandas em saúde mental infantil (97,6%). A relação entre saber informar as principais demandas e achar que precisa de ajuda de um profissional especializado também apresentou associação positiva (94,2% e p = 0,019). Definir-se proativo e realizar referência/contrarreferência dos casos apresentou significância (87,9% e p = 0,04), bem como associação entre definir-se proativo e efetuar ações para crianças que fazem uso crônico de medicações (100% e p = 0,03). Todavia, observam-se alguns dados contraditórios: boa parte dos participantes diz que acompanha crianças com transtorno mental e se sente proativo, embora nenhum deles se sinta capacitado para isso; há pequena porcentagem de profissionais que utiliza o apoio matricial e solicita intervenção do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), apesar dos sentimentos de incapacidade e proatividade; há pouca discussão em torno dos casos e fragilidade na construção do Projeto Terapêutico Singular (PTS); o cuidado ainda é centrado no saber médico. CONCLUSÃO: Há dificuldade por parte desses profissionais da Atenção Básica em identificar e manejar casos de crianças com problemas de saúde mental. Um dos principais fatores é a não utilização das ferramentas que caracterizam o cuidado no território (discussão de casos em equipe, construção do PTS, articulação intra e intersetorial). Destaca-se também o fato de o acompanhamento ainda ser centrado no cuidado médico, e a falta de capacitação dos profissionais. Percebe-se que existem muitos obstáculos a serem superados, como o fortalecimento do trabalho em rede e multidisciplinar, a corresponsabilização dos casos, a possibilidade de proporcionar a atenção integral e a capacitação das equipes. Palavras-chaves: Atenção Básica; Estratégia de Saúde da Família; equipes de saúde da família; saúde mental
Descrição: Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado Profissional em Psicologia da Saúde da Faculdade Pernambucana de Saúde como parte dos requisitos para a obtenção do grau de mestre.
URI: http://repositorio.fps.edu.br/handle/4861/952
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