Conhecimento de profissionais da estratégia saúde da família sobre publicidade de utilidade pública de infecções sexualmente transmissíveis

Abstract

INTRODUÇÃO: A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que há uma incidência global de 376 milhões de infecções sexualmente transmissíveis, de acordo com dados de 2009 a 2016. Além desses, calcula-se também 417 milhões de infecções do vírus do herpes e 291 milhões de papilomavírus. A publicidade de utilidade pública, como a formulada pelo Ministério da Saúde e órgãos oficiais de saúde, busca informar e prevenir, de modo a provocar ações concretas com finalidade de melhorar a qualidade de vida da população. Este tipo de publicidade trata as pessoas como cidadãos e não meros consumidores. OBJETIVO: A pesquisa teve por objetivo geral compreender o conhecimento dos profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família de Recife/PE sobre a publicidade de utilidade pública de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e como ela contribui em suas ações na prevenção dessas infecções. MÉTODO: Investigação do tipo qualitativa. Uso de questionário sociodemográfico e entrevista semiestruturada analisada de acordo com análise de conteúdo temática de Minayo. Participaram nove profissionais de saúde, de gêneros distintos e idades entre 32 e 51 anos, da Estratégia Saúde da Família. As entrevistas aconteceram por meio de plataformas de videochamadas, com duração máxima de 40 minutos. RESULTADOS: A partir das falas, emergiram quatro categorias, a saber: 1) Prevenção de IST: “um grande impacto na saúde pública”, onde se constatou que os profissionais de saúde realizam intervenções de prevenção em diversos momentos junto aos usuários, como durante as consultas de pré-natal e de demanda espontânea, reuniões administrativas junto aos Agentes Comunitários de Saúde, visitas domiciliares e ações abertas ao público; 2) Desafios para os profissionais: “parece ser algo distante e não muito importante”, que apontou dificuldade de acesso a material de campanha publicitária de IST/Aids, o que os leva à busca na internet por outros recursos que possam ser apresentados, cabendo ao profissional ter essa iniciativa. Os profissionais também pontuaram sobre a falta de insumos medicamentosos, podendo se estender para testes rápidos e outros materiais; 3) Compreensão sobre as campanhas: “importantes pra tornar o assunto mais próximo das pessoas, pra quebrar o tabu”, que revelou que profissionais não citaram campanhas sobre o tema neste período, apesar de relatarem a importância delas para informar as pessoas sobre as IST; 4) Alcance das campanhas: “num tá chegando pra ninguém, nem pra mim”, em que os participantes relataram escassez de material para ser utilizado na sua atuação. No entanto, estes reconheceram a importância das campanhas publicitárias, pois contribuem para que os usuários do serviço obtenham informação de qualidade, incentivando na conscientização e participação no processo de cuidado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Considerou-se relevante a atual incidência de IST no Brasil e no mundo, e a carência de estudos que relacionem o tema de IST, publicidade de utilidade pública e profissionais da atenção básica. Devido a isso, estima-se a importância de que as campanhas de publicidade de utilidade pública de IST sejam disponibilizadas de modo a atingir pessoas que utilizem diferentes tipos de mídias para se informar, incluindo tanto as mídias tradicionais quanto as digitais. Percebeu-se que os profissionais de saúde não conseguiram lembrar de campanhas voltadas às IST nos últimos dois anos. Isto pode ter acontecido devido ao período pandêmico de Covid-19, em que parte dos esforços publicitários foram direcionados para informar e prevenir sobre o vírus. A pesquisa teve como resultado quatro produtos: um artigo para publicação, um relatório técnico a ser entregue para a gestão do município de Recife – Pernambuco, uma cartilha que pode ser digital e impressa com foco na prevenção das IST para uso dos profissionais de saúde, e cards para serem distribuídos online com a mesma intenção, mas com foco em públicos específicos. Deste modo, serão beneficiados com os resultados desta pesquisa diferentes setores da população, abrangendo a gestão municipal, os profissionais de saúde e o público geral.