Motivação intrínseca do estudante de medicina de uma faculdade com metodologia ativa no nordeste do Brasil: estudo transversal

Abstract

RESUMO Cenário: a Teoria da Autodeterminação, baseada na necessidade humana de autonomia, competência e relacionamento, identifica métodos de acessar a motivação intrínseca, sendo importante na utilização de metodologias ativas para integrar cognição, atitude e habilidade. Objetivo: analisar a motivação intrínseca baseada na Teoria da Autodeterminação no estudante de Medicina para a participação no grupo tutorial, assim como verificar os fatores associados. Método: estudo transversal envolvendo estudantes de Medicina dos 2º, 6º e 10º períodos. Foi utilizado o Inventário de Motivação Intrínseca como instrumento para análise da motivação após tradução e adaptação transcultural. O mesmo é composto por 45 itens agrupados em sete subescalas tipo Likert, com sete níveis de respostas. A motivação intrínseca foi estudada como variável numérica contínua, categorizada para análise, considerando-se os pontos de corte: ≤ 3,0 (não motivado), > 3,0 e < 6,0 (motivado) e ≥ 6,0 (muito motivado), tanto de forma global como em cada subescala separadamente. Para identificar os fatores associados considerou-se a motivação intrínseca como desfecho em sim (> 3,0) e não (≤ 3,0), sendo realizada inicialmente análise univariada de Poisson, e as variáveis que apresentaram valor p < 0,20 habilitaram-se para ingressar na análise multivariada. Considerou-se para fins estatísticos valor p < 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética CAAE No 57741216.8.0000.5201. Resultados: foram envolvidos 276 estudantes. O escore médio global da motivação intrínseca foi de 3,8. Na análise do domínio de interesse/prazer, subescala considerada a medida do auto relato da motivação intrínseca, os estudantes foram considerados motivados tanto na análise geral, como em cada período individualmente. Considerando os pontos de corte para a avaliação global, 91,3% encontraram-se na categoria motivado. O valor do Alpha de Cronbach para as respostas ao inventário foi 0,9177. Na análise univariada de Poisson, considerando o conjunto dos períodos, foram agrupadas 11 variáveis (sexo, idade, estado civil, dependentes financeiros, tentativas no vestibular, período em curso, graduação prévia, residir com os pais, escolha do curso por necessidade de assistência à saúde, por influência ou por pressão dos pais), e após análise multivariada, permaneceram no modelo final os estudantes que realizaram uma ou duas tentativas no vestibular (p = 0,011) quando comparados aos que realizaram três tentativas ou mais. Quando realizada análise discriminando os períodos, no 2º período permaneceu no modelo final possuir algum curso de graduação anterior ao de Medicina (p = 0,005), no 6º período nenhuma variável apresentou significância estatística e, no 10º período, os que realizaram uma ou duas tentativas no vestibular (p = 0,006) e, no 10º período, a realização de uma ou duas tentativas de vestibular para ingresso no curso (p = 0,006). Conclusão: os estudantes se mostraram motivados na atividade do grupo tutorial numa faculdade de medicina que utiliza metodologia ativa, considerando a teoria da autodeterminação. O menor número de tentativas no vestibular para ingressar no curso de Medicina e os estudantes que possuíam graduação anterior foram variáveis que se mostraram associadas à motivação intrínseca. Palavras-chave: Educação Médica; Motivação; Estudos Transversais.