Disponibilidade para aprendizagem interprofissional em cursos de saúde em uma faculdade do nordeste brasileiro

Abstract

RESUMO Introdução: A sociedade vem se transformando e com isso a forma de tratar e fazer saúde precisam ser revistas, podendo ser apontadas modificações de agravos externos típicos de mudanças sociais e culturais e transformações demográficas e epidemiológicas. Diante deste cenário, pode-se observar que não é possível oferecer uma saúde resolutiva e eficaz atendendo as necessidades do usuário cada vez mais complexas se os modelos de produção de serviços de saúde continuam fragmentados. Frente a complexidade e natureza multifacetada da saúde, destacam-se iniciativas para resolução destes problemas como a Educação Interprofissional em Saúde. A Educação Interprofissional é uma oferta educacional em que membros de mais de uma profissão da saúde aprendem juntos com o propósito explicito de melhorar a colaboração interprofissional ou a saúde e bem-estar do usuário. Os objetivos e a natureza da iniciativa da Educação Interprofissional em Saúde diferem dependendo do estágio de aprendizado, podendo ser utilizada inicialmente para preparar estudantes para práticas colaborativas. O estudante de graduação então compreenderá seu próprio papel profissional e, ao mesmo tempo, reconhecerá o papel de outros profissionais de saúde da equipe em que pertence, e aprenderá a ouvir e dar oportunidade ao usuário e seu acompanhante de participar do seu processo de recuperação, o que poderá prevenir estereótipos negativos. Objetivo: Verificar a disponibilidade dos estudantes dos cursos de saúde de uma instituição de ensino superior do nordeste brasileiro, para o aprendizado interprofissional e práticas colaborativas como fundamento para a elaboração de estratégias formativas. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa descritiva-analítica e de caráter quantitativo. A amostra do estudo foi composta por 349 estudantes de todos os períodos dos cursos de bacharelado em Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia, Psicologia, Farmácia, Nutrição e Educação Física em uma faculdade do nordeste brasileiro. A coleta foi realizada no primeiro semestre letivo de 2020 após a aprovação do comitê de ética e pesquisa através do CAAE: 30895420.0.0000.8267 e número do parecer 4.032.575, por meio de questionários online sobre o perfil sociodemográfico, atividades vivenciadas na graduação e o Readiness Interprofessional Learning Scale (RIPLS) versão adaptada ao português, validada para cursos de graduação com 27 questões distribuídos em três fatores: Fator 01- Trabalho em equipe com 14 itens (1-9, 12-16); Fator 02- Identidade profissional 8 itens (10, 11, 17, 19, 21-24) e Fator 03- Atenção à saúde centrada no paciente 5 itens (25-29). É uma escala psicométrica de autorrelato que permite avaliar a disponibilidade dos estudantes para o aprendizado compartilhado e com profissionais e estudantes de outras áreas. As respostas estão dispostas em escala Likert, trata-se de uma das metodologias indicadas para realizar pesquisas de opinião. Os dados foram tabulados e analisados nos Softwares SPSS 13.0 (Statistical Package for the Social Sciences) para Microsoft Office Windows® e Excel® (versão 2010). Todos os testes foram aplicados com 95% de confiança. Os resultados estão apresentados em forma de tabelas com suas respectivas frequências absolutas e relativas. As variáveis numéricas estão representadas pelas medidas de tendência central e medidas de dispersão. Foi realizado o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov para variáveis quantitativas e a comparação dos dois grupos Mann-Whitney. Produtos: Este estudo proporcionou a produção de um artigo científico e um workshop sobre a educação interprofissional para os professores dos cursos de saúde da instituição de ensino onde foi realizado o estudo. O workshop tem como objetivo proporcionar a sensibilização para a importância do tema e a facilitação das práticas colaborativas entre estudantes/profissionais e estudantes/estudantes e estudantes/usuários partindo das suas competências. Resultados: Participaram da pesquisa 349 estudantes, destes, 28,1% (n= 98) eram estudantes do curso de Enfermagem com maior percentual, seguido de Fisioterapia 26,6% (n=93) e Odontologia 17,8% (n=62) e 27,5% (n=96) pertenciam a outros cursos. Destaca-se uma maior adesão a participação dos estudantes do 3º período 14,0% (n=49) seguido do 7º 12,9 (n=45) e do 1º período 12,3% (n=43) em todos os cursos. 44,1% (n=154) relataram ter participado de disciplinas integradoras apenas com estudantes do mesmo curso. O sexo feminino predominou com 79,9% (n= 279) em relação ao sexo masculino 20,1% (n=70). 14,6% (n=51) afirmaram ter participado de atividades extracurriculares diversas juntamente com estudantes de outros cursos e 5,7% (n=20) ter participado de forma compartilhada, interagindo com estudantes de outros cursos em estágio curricular. Sobre a RIPLS, a distribuição das respostas dos estudantes mostrou média superior a “4 – concordo” e no fator global correspondendo a mediana 4,11. Pode-se observar uma maior disponibilidade para Educação interprofissional no primeiro fator com o 3º Período com 14,6%, 7º 12,5% e 10º com 12,4%. No segundo fator o 10º Período se destaca com maior disponibilidade com 13,9% seguido do 7º 13,8% e o 3º com 13,4%. No 3º fator, o 3º Período se destaca com 15,4%, seguido do 1º 13,8 e do 7º com 12,4%. Os itens com maior média na assertiva concordo totalmente foram: Fator 1: item 11 com 47,9% (n= 167), no fator 2 Pode-se observar que os estudantes do curso de enfermagem, estudantes ingressantes e do sexo feminino apresentaram maior disponibilidade para EIP. Conclusão: Considerando as medidas das pontuações da RIPLS de modo geral os estudantes apresentam disponibilidade para a EIP, mesmo apresentando um escore menor em relação aos fatores 1 e 3, tornando propício para a IES realizar adaptações em seus currículos incluindo a educação interprofissional. Palavras-chave (DeCS): Educação Superior; Relações Interprofissionais; Educação Interprofissional.