Significados atribuídos pelo docente à vivência com o teste de habilidades e competências clínicas específicas em um curso médico

Abstract

RESUMO Introdução: na formação em saúde, a avaliação das competências clínicas muitas vezes representa um desafio. A inserção de métodos que simulam situações clínicas reais, dentre esses, o Objective Strutured Clinical Examination, em português, Exame Clínico Objetivo Estruturado, têm fornecido uma opção para essa questão. Esse exame objetiva avaliar conhecimento, habilidades e atitudes de forma bem planejada e estruturada, e vem sendo considerado um dos mais válidos, efetivos e confiáveis métodos de avaliação para a formação médica. Foi inicialmente projetado para padronizar a avaliação do desempenho do estudante, reduzindo potenciais vieses. Porém, na prática, tem se observado que seus resultados podem não ser uniformes, sobretudo, por conta da variação entre os examinadores. Então, para aperfeiçoar este instrumento de avaliação é importante captar os sentimentos do avaliador para com a vivência com o exame clínico objetivo estruturado. Objetivo: compreender os significados atribuídos pelo docente sobre a vivência, aplicando o Exame Clínico Objetivo Estruturado. Método: estudo qualitativo, realizado entre outubro de 2019 e fevereiro de 2021, envolvendo docentes do curso de medicina, da Faculdade Pernambucana de Saúde, com mais de dois anos de experiência como avaliadores do exame clínico objetivo estruturado, denominado na instituição, teste de habilidades e competências clínicas específicas. Os dados foram coletados através da realização de entrevistas individuais semiestruturadas, gravadas e posteriormente transcritas na integra. Foi realizada a análise de conteúdo de Bardin e o número de participantes foi definido pelo critério de saturação. O processo de análise e interpretação das falas foi ancorado no referencial teórico adotado sobre o exame clínico objetivo estruturado e os vieses avaliativos praticados pelo examinador. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da Faculdade Pernambucana de Saúde CAAE 01329618.6.0000.5569. Resultados: A partir da análise das narrativas dos participantes emergiram dois temas principais: 1– Percepção da efetividade do THC com duas categorias 1.1 Potencialidades do THC, 1.2- Fragilidades do THC; Tema 2- Aspectos subjetivos da avaliação com duas categorias 2.1- Influência do estado emocional do estudante no seu desempenho; 2.2- Fatores modificadores da avaliação contendo 2 subcategorias: 2.2.1- Percepção da subjetividade na avaliação; 2.2.2- Treinamento do avaliador. Foram produtos deste estudo, artigo científico e relatório técnico. Conclusão: o estudo demostrou que o THC é um instrumento valorizado e bem aceito pelos docentes, porém apresenta fragilidades estruturais e longa duração. A presença de subjetividade na avaliação, o vínculo prévio e a interação com estudante foram pontos que suscitaram parcialidade. Características pessoais dos avaliadores, com perfis mais rígidos ou mais lenientes; a experiência acadêmica e domínio do assunto avaliado, também favoreceram subjetividade avaliativa. O sentimento de insegurança pela falta de treinamento para exercer a função de avaliador, foi um ponto relevante apontado pelo estudo. Palavras-chave (DeCS): Avaliação educacional; Viés; Educação Baseada em competências, habilidade clínica.