Uso da dessensibilização e reprocessamento através de movimentos oculares (EMDR): vivência de pacientes adultos vítimas de traumas emocionais

Abstract

RESUMO Introdução: A Dessenssibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares (EMDR) é uma intervenção clínica psicoterápica que, em sua prática, promove modificações das informações mal processadas, que comprometem a vida de pacientes que viveram traumas emocionais. Com um protocolo de oito fases, têm proposto reduzir a intensidade do impacto emocional, criando possibilidades em rever o evento, modificando as crenças negativas e melhorando o funcionamento somatosensorial e psicossocial das pacientes vítimas de traumas emocionais. Objetivo: Compreender a vivência da psicoterapia em pacientes adultos vítimas de traumas emocionais com o uso do EMDR. Método: Trata-se de um estudo qualitativo, onde participaram pacientes que estavam ou haviam realizado tratamento por EMDR. Os dados foram coletados através de um questionário semiestruturado, contendo informações sociodemográficas, sobre a história clínica e perguntas disparadoras, que contribuíram na busca da compreensão da vivêrcia do tratamento por EMDR. Para o acesso aos participantes foi utilizado o método bola de neve, onde os participantes foram sendo indicados por especialistas da Associação Brasileira de EMDR, que atendem essa população. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética e pesquisa vide CAAE: 12336919.7.0000.5569. A analise dos dados foi realizada de acordo com a analise temática de conteudo de Minayo. Resultados: Participaram do estudo 76 pacientes, de ambos os sexos, com idade média de 38 anos, sendo: predominantemente mulheres (76,06%); a maioria católica (50,70%); 53,52% com nível de ensino superior; 66,20% têm ou com trabalho remunerado; 69,01% residentes na cidade de Recife. Do total, 84,51% frequentam sessões semanais. Predominando 42,25% o diagnóstico de ansiedade. Onde 65,78% eram acompanhados por psiquiatras e destes, 32,89% usavam medicação específica ao seu diagnóstico, prescrito pelo psiquiatra responsável pelo acompanhamento clínico. Quanto à análise dos dados qualitativos foram identificadas 4 categorias: 1. A compreensão sobre o EMDR; 2. Mudança de Sentimentos, durante a vivência do EMDR e 3. A percepção de mudança comportamental, nas quais houve unanimidade nas respostas, afirmando haver percebido modificações experimentadas pelos pacientes; e 4. Potencialidades e fragilidades em relação a prática por EMDR, onde se percebeu que: quanto ao primeiro aspecto, os relatos afirmam ter ocorrido mudanças e os ganhos adquiridos ao reprocessar a experiência vivida no trauma, tanto emocionais e comportamentais. Quanto às fragilidades, percebe-se pouca compreensão em relação aos conceitos usados no processo e como este acontece internamente, havendo percepção da presença de ansiedade e de indução, por parte de alguns psicoterapeutas que tentavam induzir ritmo ao processo, com interpretações prévias, contrariando premissas defendidas por Shapiro. Os resultados são apresentados no formato de dois produtos. O primeiro, um artigo estruturado de acordo com as normas da revista Psicologia & Saúde, com título: Tratando traumas emocionais com EMDR. O segundo, um produto técnico educacional, no formato de um guia de orientação: Noções básicas sobre a terapia por EMDR. Conclusões: Por se tratar de um estudo destinado a compreender a vivência dos pacientes, percebemos que os objetivos aqui propostos foram atingidos de forma satisfatória, contudo suas limitações, não respondendo a todas as perguntas. No entanto, a população analisada demonstrou satisfação, frente às mudanças adquiridas em suas vidas após o tratamento, o que demostra haver a necessidade de um contínuo investimento em pesquisas, que poderão beneficiar pacientes e interessados pelo EMDR. Palavras Chaves: Trauma emocional. Intervenções psicoterápicas. EMDR.