Concepções de graduandos de enfermagem sobre sua formação acadêmica para lidar com o usuário de crack

Abstract

Introdução: a disseminação do uso do crack requer dos profissionais de saúde uma constante revisão de condutas e habilidades ao lidar com seus usuários. As instituições de ensino superior, como entidades formadoras, são fundamentais para a construção do conhecimento e intervenção na realidade atual. Objetivo: investigar as concepções dos estudantes de enfermagem, de duas instituições de ensino superior na cidade de Recife, sobre sua formação acadêmica para lidar com usuários de crack. Método: estudo descritivo, de corte transversal com 164 estudantes de graduação em enfermagem do último ano do curso de duas instituições. Os dados foram coletados através de um instrumento validado e adaptado resultando na elaboração de um questionário auto aplicado, contendo informações sobre dados sócios demográficos e questionamentos sobre o crack e vivências dos estudantes com os usuários digitados em banco de dados do programa Epi Info 3.5.3. A análise dos dados foi realizada a partir das medidas de distribuição de frequências. Resultados: Houve predominância do sexo feminino (95,1%) e a faixa etária dominante (83,5%) esteve inserida entre 20-29 anos. Entre os 135 (82,3%) estudantes que referiram ter recebido informações sobre drogas em geral durante a graduação, a maioria (71,9%) referiu quatro drogas simultaneamente (álcool, tabaco, crack e maconha). Ao se avaliar as concepções sobre os usuários de crack, os estudantes destacaram as características emocionais (pessoas agressivas, ansiosas, depressivas, inseguras e instáveis nas relações familiares) como as mais frequentes (64%). Apenas 10,0% concordaram que consideraram ter conhecimento suficiente sobre dependência química no trabalho com usuários de crack. Conclusão: A maioria dos estudantes considerou não ter conhecimento suficiente sobre o crack mesmo tendo destacado que temas importantes foram abordados sobre o seu estudo durante a graduação. Os estudantes reconheceram ainda não saberem lidar com os dependentes de crack e consequentemente estarem pouco receptíveis para o trabalho com os mesmos na rede de assistência.