Elaboração e validação de treinamento híbrido simulado em parto vaginal pélvico e distócia de ombro baseado em diretrizes instrucionais

Abstract

RESUMO Introdução: O mercado de trabalho exige que profissionais da saúde adquiram competências além da formação técnica. Cursos de educação a distância (EaD) oferecem vantagens como adaptabilidade, interatividade e acessibilidade, permitindo o aprimoramento contínuo das competências médicas. Na ginecologia e obstetrícia (GO), a simulação clínica tem impacto significativo na redução da morbimortalidade materno-fetal em urgências obstétricas, como partos pélvicos e distócia de ombros. O ensino híbrido está sendo considerado uma estratégia eficaz para a educação continuada para profissionais de saúde. Objetivo: Elaborar e validar o conteúdo e a aparência de um curso híbrido de treinamento simulado em assistência ao parto vaginal pélvico e distócia de ombro para os treinamento de médicos residentes em ginecologia/obstetrícia. Método: Tratou-se de um estudo observacional para construção e validação de um curso destinado a médicos residentes em ginecologia e obstetrícia. O estudo foi conduzido no Centro de Simulação (CSim) e no setor de educação a distância (EaD) da instituição de ensino, de junho de 2023 a setembro de 2024. Foi aprovado pelo parecer nº 6.391.608, seguindo a Resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Após a aprovação, seguiu-se a revisão da literatura e a construção do curso. O formato híbrido do curso seguiu o modelo de quatro componentes do desenho instrucional (4C/ID), sendo o módulo teórico assíncrono e o módulo prático presencial. Para a etapa de validação, a população do estudo foi composta por um grupo de educadores médicos e um grupo de profissionais de tecnologia da informação (TI). Os critérios de inclusão para os experts médicos foram: ser médico especialista em ginecologia/obstetrpicia (GO), estar atuando como preceptor no programa de residência médica, ter formação comprovada em simulação clínica e estar atuando como facilitador de práticas simuladas. Os critérios de inclusão para os experts em tecnologia em informação foram: ser graduado em TI e estar atuando na EaD. O critério de exclusão para qualquer um desses profissionais foi estar afastado de suas atividades por licença no momento da coleta. Os especialistas médicos realizaram a validação do conteúdo e da relevância pedagógica dos módulos teórico e prático através de questionário padronizado em formato Likert. Após a validação do conteúdo, os especialistas médicos e em TI validaram a aparência do módulo teórico, utilizando um outro questionário em formato Likert contendo os tópicos: acessibilidade; usabilidade, funcionalidade e ambiente virtual. Os dados foram analisados para a validação do curso a partir do teste binomial e o índice de validação de conteúdo (IVC) tanto por item (I-IVC) como por concordância universal (S-IVC/UA). O I-IVC e S-IVC/UA foram considerados estatisticamente significativos com valores ≥ 0,80 e o teste binominal foi considerado significativo com valores de p ≥ 0,05. Resultados: A validação aconteceu com seis de experts médicos e três experts em TI. Os especialistas médicos possuíam, em média, nove anos de atuação em assistência obstétrica e mais de um ano de experiência em treinamentos simulados. O S-IVC/UA para o conteúdo e relevância pedagógica dos módulos teórico e prático foram de 1,0 com teste binomial ≥ 0,05 validando o conteúdo do curso. Houve sugestões de pequenas correções ortográficas e considerações sobre a priorização do uso da posição não-litotômicas (não-ginecológica) no parto. Todas as sugestões foram acatadas. O S-IVC/UA para a aparência do módulos teórico foi de 0,87 com o teste binomial ≥ 0,05 validando também a aparência do curso. Na avaliação, houve sugestões de pequenas correções ortográficas, modificação de enunciados em algumas questões de múltipla escolha. Todas as sugestões foram acatadas. Os experts em EaD tinham, em média, 10 anos de experiência na área, com pelo menos dois anos de atuação em EaD da instituição. Todos os especialistas avaliaram a aparência do curso. Houve comentários e sugestões para a melhoria de alguns aspectos do módulo principalmente em torno da melhora da acessibilidade e usabilidade (utilização de texto secundário ao passar o mouse em cima e botões de navegação considerados pequenos) e sobre a funcionalidade (vídeos não ficaram bem centralizados em dispositivos menores, responsividade menos atraente para dispositivos menores). Os comentários foram considerados pertinentes e todas as sugestões foram acatadas. Conclusão: O uso de simulações clínicas integradas a plataformas EaD mostra-se uma estratégia promissora para a educação em saúde, especialmente em áreas que exigem alta competência técnica, como a obstetrícia. O estudo gerou como produto técnico um curso híbrido sobre assistência ao parto vaginal pélvico e assistência ao parto vaginal na distocia de ombro para residentes de ginecologia/obstetrícia. O curso híbrido de 220 minutos foi validado para conteúdo e aparência. Palavras-chave: treinamento por simulação; educação a distância; apresentação pélvica; distocia do ombro; estudos de validação