A atuação da equipe multiprofissional na unidade de terapia intensiva em um hospital em Recife e as práticas institucionais de acolhimento e cuidado

Abstract

RESUMO Introdução: Aqueles que trabalham em ambientes considerados críticos, como as unidades de tratamento intensivo, têm alta predisposição para serem acometidos pelo sofrimento psíquico, uma vez que, lidar com perdas, morte e luto no cotidiano podem causar adoecimento e prejudicar o desempenho profissional e as relações multiprofissionais. Dessa forma, o acolhimento, como espaço de escuta, é um instrumento para a humanização dos serviços que pode contribuir para melhorar a qualidade dos atendimentos, do cuidado e qualificar a relação trabalhador-usuário. Objetivo: Analisar a atuação da equipe multiprofissional na Unidade de Terapia Intensiva em um Hospital em Recife e as práticas institucionais de acolhimento e cuidado. Método: Trata-se de um estudo de natureza qualitativa realizado no período de outubro a dezembro de 2023. Participaram do estudo membros da equipe multiprofissional que atuam em uma UTI de hospital em Recife/PE. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário e entrevista. As entrevistas, com perguntas norteadoras sobre o tema, foram transcritas e submetidas à análise temática de Minayo. Resultados: Os resultados desta dissertação são apresentados na forma de dois produtos educacionais, especificamente, um artigo científico intitulado: Equipe Multiprofissional da UTI e a compreensão das práticas institucionais de acolhimento e cuidado que será submetido a Revista Psicologia e Saúde em Debate e um Workshop sobre acolhimento e cuidado da equipe multiprofissional e relações interprofissionais na UTI. Participaram da pesquisa nove servidoras do sexo feminino, todas com mais de um ano de atuação e com idades entre 22 e 52 anos. Observou-se que o processo de trabalho, as múltiplas responsabilidades e o convívio diante da morte na UTI podem aumentar a suscetibilidade a problemas de saúde. A análise dos discursos revela que a tripla jornada, com as responsabilidades nas esferas profissional, doméstica e familiar, pode causar uma diminuição da qualidade de vida, o que resulta na diminuição das horas de lazer, de autocuidado e de aperfeiçoamento profissional. Evidenciou-se ainda que diante da morte e da finitude, as profissionais recorrem a comportamentos defensivos e alertaram para a carência de práticas colaborativas de acolhimento e cuidado interprofissional da equipe multiprofissional. Conclusão: Faz-se necessária a criação de uma ambiência de escuta e psicoeducação com foco no mapeamento das necessidades psicossociais dos profissionais intensivistas, segundo as práticas de gestão e assistência à saúde preconizada pela PNH. Sugere-se a implantação de espaço, de educação permanente enfatizando a reflexão conjunta sobre a morte e finitude, as identidades profissionais, e a necessidade de romper com padrões pré-concebidos de funcionamento que impossibilita a integração, a colaboração e a prática centrada no paciente. Palavras-chave: acolhimento; cuidado; saúde mental; profissionais da UTI.