Aprendizagem de adolescentes com transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) no ensino remoto durante a pandemia da COVID-19

Abstract

RESUMO Introdução: O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, com predominância do diagnóstico na infância e acompanha a maior parte dos indivíduos por toda a vida, uma vez que apresenta linhas de tratamento e não uma cura. Presente em 3 a 5% das crianças, em regiões diferentes do mundo, e entre 15% a 20% dos casos infantis avançam para a vida adulta, trazendo consequências posteriormente, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos com o passar dos anos. O TDAH é majoritariamente identificado na escola, durante a infância, quando a criança enfrenta a necessidade de prestar atenção e de relacionar diferentes conteúdos e assuntos inerentes ao processo de ensino-aprendizagem. O diagnóstico do TDAH é clinicamente baseado em avaliação médica, de desenvolvimento educacional e psicológica em crianças e adolescentes. Objetivo: Avaliar as estratégias de aprendizagem utilizadas por adolescentes com TDAH durante as atividades remotas escolares na pandemia, as dificuldades e pontos fortes na perspectiva de pais e adolescentes em uma rede de ensino privada. Métodos: Este é um estudo quantitativo, observacional e descritivo, realizado através da aplicação de questionários de pesquisa construídos pelo pesquisador para este fim. Os questionários foram aplicados aos pais e aos estudantes no formato on-line. O estudo foi realizado com estudantes adolescentes de unidades de uma escola particular da cidade do Recife-PE. Todos os adolescentes participantes tiveram o diagnóstico de TDAH. Resultados: Os resultados foram apresentados no formato de artigo e de um produto técnico-educacional no formato de um guia de orientação para a escola, pais e adolescentes sobre TDAH. Participaram do estudo, 74 pais/responsáveis sendo a maioria do sexo feminino (n = 68, 91,9%). Sessenta e nove adolescentes participaram do estudo, sendo a maioria do sexo masculino (n = 37, 53,6%). A média idade dos adolescentes foi de 14,46 ± 2,01 anos. Durante a pandemia, a maioria estava tomando medicamentos (78,3%) e era acompanhada por algum tipo de especialista (82,6%). A maioria dos adolescentes relatou ansiedade (58%), agitação (63,8%), desorganização (67,6%), desatenção (85,3%) e distúrbios do sono (56,5%). Com relação às atividades escolares, eles sentiram dificuldades relacionadas ao desempenho das atividades (71%), na compreensão do conteúdo ensinado (78,3%) e na realização de avaliações (75,4%). Considerando o cenário pandêmico atípico, 18,8% relataram sentir-se estressados. O impacto do desempenho escolar insatisfatório foi sentido por 39,1% dos alunos e 80,4% afirmaram ter sofrido uma grande perda no ambiente de aprendizagem. Isto também foi refletido nas observações dos pais. Considerações finais: O presente estudo abordou reflexões sobre aprendizagem, ensino à distância e TDAH durante a pandemia da COVID-19. Os relatórios apontaram para a existência de impacto escolar negativo associado ao distanciamento social, e consequentemente, êxodo da escola para casa, com grandes mudanças na vida cotidiana dos estudantes. Antes cercados de amigos, conversas e as mais diversas interações pessoais, durante a pandemia os estudantes precisaram dedicar mais atenção aos conteúdos dos processos de aprendizagem mediados por recursos tecnológicos e ensino à distância, o que produziu um forte impacto negativo no contexto educacional. É importante e necessária a condução de mais estudos dedicados às estratégias de aprendizagem das pessoas com TDAH e suas comorbidades na adolescência, mediadas ou não pela Internet, para que possamos compartilhar conhecimentos e possibilidades de melhoria dos danos observados. Palavras-chave: Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade; COVID-19; Adolescentes; Educação.