A vivência da mastectomia em mulheres assistidas por uma ONG localizada na cidade de Recife - PE

Abstract

RESUMO Cenário: Dentre os diversos tipos de câncer que podem afetar o público feminino, sem sombra de dúvidas, o câncer de mama é o mais temido, pois ele está presente em 56,20% dos casos. Das diversas possibilidades de tratamento, a mastectomia costuma mobilizar, especialmente as mulheres, pelo caráter mutilador imposto pelo procedimento. Apesar de todas as possibilidades terapêuticas disponíveis, percebe-se que a mastectomia é, muitas vezes, aquela que oferece as melhores respostas, ampliando os índices de cura. No entanto, mesmo que reconhecida a sua importância no processo de tratamento, ela apresenta consideráveis impactos emocionais e relatos de queda da qualidade de vida em mulheres submetidas ao processo, principalmente devido à necessidade de lidar com as mudanças corporais. Estudos mostram que mulheres mastectomizadas sem posterior reconstrução mamária, possuem maiores índices de estresse, vulnerabilidade, de preocupação e a presença de insatisfação com a imagem corporal levando a evitação de uso de roupas de praia, decotadas e ao isolamento social. Objetivo: Compreender a vivência do câncer de mama e o processo da mastectomia radical na vida da mulher. Método: Buscou-se, através de uma pesquisa qualitativa eexploratória, entrevistar mulheres mastectomizadas, atendidas em uma ONG, localizada em Recife -Pernambuco –Brasil. Nesse local foram coletados dados a partir de uma entrevista semiestruturada que teve duração de variável de 30 minutos a 1 hora. As entrevistas aconteceram de forma virtual, através de vídeo chamada pelo WhatsApp, e tiveram seus áudios gravados. Os dados foram analisados segundo a análise de conteúdo temática de Minayo em conjunto com a Teoria Sistêmica. Aspectos éticos: A pesquisa seguiu conforme a resolução 510/16 do Conselho Nacional de Saúde, e só foi iniciada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, conforme CAAE: 58061922.3.0000.5569. Resultados: Foram entrevistadas 4 mulheres, com idades entre 40 e 64 anos, todas haviam se submetido a realização de mastectomia total há um período mínimo de 3 meses, e sem haver realizado reconstrução mamaria. Nesta dissertação será apresentado dois produtos, sendo um artigo científico e um produto técnico educacional em formato de podcast. No artigo trabalhamos com as seguintes categorias temáticas de análise: “A mulher mastectomizada e o cuidado de si”, “A sexualidade vivenciada pela mulher mastectomizada” e “O lugar da família”. Discussão: Observamos que desde o processo de investigação diagnóstica até a realização da mastectomia radical a mulher acometida pelo câncer de mama é submetida a diversos fenômenos estressores potencialmente prejudiciais à sua autoestima. Percebemos que, mesmo reconhecendo que cada mulher viveu esse processo de forma muito única e particular, dentre os vários desafios relatados, lidar com esse novo corpo, diferente de um corpo social e culturalmente idealizado, e com a sexualidade pós mastectomia foram as demandas mais presentes em suas falas. Importante destacar que todas as mulheres relatam a importância do apoio da família e amigos, sendo a esfera social determinante para o acolhimento e fortalecimento para entender o processo passado e falar sobre ele. Conclusão: A realização dessa pesquisa mostra como ainda existe a necessidade de discutir um tema com o câncer de mama e a realização da mastectomia, visto que em um contexto atual o corpo é centro de discussão e atenção na sociedade tornando-se pertinente dar voz as pessoas que passam por esse processo. Palavras-chave: Psicologia da saúde; Câncer de Mama; Mastectomia; Feminilidade.