As vivências da equipe interprofissional no trabalho de prevenção e controle das IST/AIDS durante a pandemia da Covid-19

Abstract

RESUMO Introdução. Em 2020, a doença causada pelo novo Coronavírus (COVID-19) foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. Apesar da necessidade de uma reestruturação da atenção especializada para acolher a demanda gerada, as demais atividades de rotina da Atenção Primária à Saúde (APS) não puderam deixar de serem ofertadas aos(às) usuários(as). Tal situação exigiu a reorganização dos serviços de saúde para que fossem mantidos os cuidados, inclusive à distância, evitando aumentar a falta de acesso e as desigualdades sociais. Objetivos. Compreender as vivências de uma equipe interprofissional no trabalho de prevenção e controle das IST/AIDS num CTA/SAE, durante a pandemia da COVID-19. Método. Estudo exploratório, descritivo e transversal, de natureza qualitativa. Foi realizado um Grupo Focal com a equipe técnica-administrativa do CTA/SAE (Igarassu-PE). Foi aplicado instrumento de coleta de dados e realizado debate, norteado por um roteiro de oito perguntas previamente estabelecido, contendo uma questão introdutória, uma pergunta de transição, questões chave e uma pergunta de encerramento. A transcrição e análise de dados obedeceu a Técnica de Análise de Conteúdo Temática proposta por Minayo. Aspectos Éticos. Pesquisa aprovada pelo CEP da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS), (CAAE 53890521.4.0000.5569 e Parecer 5.223.688º). Todos os participantes assinaram o TCLE. Resultados. A pandemia trouxe desafios significativos para a equipe interprofissional que atua na prevenção e controle das IST/AIDS no serviço especializado CTA/SAE em Igarassu-PE. As atividades de rotina foram impactadas, exigindo reorganização dos serviços de saúde para garantir acesso dos usuários às informações e cuidados. Foi possível observar que a equipe interprofissional desenvolveu práticas colaborativas e adaptou suas atividades de prevenção e controle das IST/AIDS à nova realidade. Foram identificadas potencialidades e dificuldades sentidas pelos profissionais de saúde no trabalho de prevenção e controle das IST/AIDS. Dentre as potencialidades, destacam-se a capacidade de adaptação, a busca por atualização constante e o trabalho em equipe. Já as principais dificuldades foram a falta de recursos materiais e humanos, a sobrecarga de trabalho e o impacto emocional negativo decorrente da pandemia. A pesquisa também permitiu identificar dimensões do trabalho interprofissional e das práticas colaborativas desenvolvidas pela equipe, destacando a importância da comunicação, do compartilhamento de informações e da colaboração mútua entre os profissionais. Conclusões. Durante a pandemia, o acesso universal aos serviços especializados foi essencial para a continuidade do tratamento dos pacientes em situação de vulnerabilidade, apesar dos desafios enfrentados pela equipe, como logística, infraestrutura e capacitação. A interprofissionalidade na equipe do CTA/SAE de Igarassu contribuiu positivamente para a corresponsabilização do trabalho, aprendizagem compartilhada e reconhecimento de diversos saberes. No entanto, o estigma ainda é um desafio para o diagnóstico e assistência de pessoas com IST/AIDS, e a produção de material educativo complementar pode ser uma boa maneira de divulgar os serviços e informar sobre prevenção. Portanto, é necessário estabelecer políticas públicas de saúde com investimentos financeiros que possibilitem a efetivação de ações educativas. Palavras-chave: Profissional da Saúde; Relações interprofissionais; Infecções Sexualmente Transmissíveis; COVID-19