O pulso ainda pulsa: a saúde mental em técnicos de enfermagem na linha de frente da pandemia da covid-19 na região metropolitana do Recife.

Abstract

O novo coronavírus, descoberto em dezembro de 2019 causador da COVID-19, é uma doença de alto poder de transmissão e ainda que já tenham sido desenvolvidas vacinas aplicadas de forma maciça na população mundial, quase dois anos depois, dizimou mais de 5.63 milhões de vidas por todo mundo e ainda impacta as relações sociais e econômicas nos 5 continentes. Os técnicos de enfermagem costumam ser os profissionais que estão em maior contato com esses pacientes tanto devido a maiores jornadas de trabalho, quanto às especificidades das atividades de cuidado realizadas no manejo das pessoas contaminadas em acompanhamento nos serviços de saúde. Tem-se que esses profissionais foram especialmente afetados no que diz respeito à sua saúde e bem estar psicológico, assim, também tiveram que enfrentar as restrições e isolamentos sociais impostos pela pandemia, mas, diferentemente de boa parte da população, estes profissionais se encontravam atuando na linha de frente, atendendo pacientes positivados com a COVID-19. Entendendo a pandemia como um evento sanitário de grandiosas proporções, impacta de diferentes formas os diversos níveis dos sistemas. Assim, a Teoria Sistêmica, pode auxiliar a compreender a complexidade de tais fenômenos ao reconhecer a interdependência relacional dos sistemas. Entende-se que esses profissionais se depararam com desafios que perpassam a prática clínica e enfrentamento da doença, como as condições de trabalho, a hostilidade da própria sociedade, distanciamento da família pela possibilidade de contágio além do estresse excessivo do ambiente de trabalho. Objetivo: Compreender a saúde mental e bem estar psicológico de técnicos de enfermagem durante sua atuação na linha de frente da COVID-19 na Região Metropolitana do Recife. Método: Pesquisa qualitativa em que foram entrevistados, através de entrevista estruturada e coleta de dados sociodemográficos como sexo, idade, renda, vínculos profissionais, horas de sono, religião, 6 técnicos de enfermagem de ambos os sexos, que estavam há ao menos seis meses atuando na linha de frente com pacientes da COVID-19 na região metropolitana do Recife. Os dados foram analisados segundo a Análise de Conteúdo Temática de Minayo à luz da Teoria Sistêmica. O presente estudo seguiu todos os cuidados éticos conforme regulamenta a CNS 510/16, sendo aprovado pelo CEP/FPS conforme o CAAE nº informe. Resultados e Discussão: Esta dissertação será apresentada em dois produtos, sendo um artigo científico e um podcast, visando compreender a saúde mental destes profissionais, e suas repercussões nos diversos âmbitos sociais, como categorias podemos destacar relação com a equipe como esta pôde ser um fator tanto de proteção quanto de risco para o profissional neste período, relações sociais e como a hostilidade da comunidade e amigos prejudicou no enfrentamento à pandemia e de sua saúde mental e as estratégias de enfrentamento como a religião, suporte da família e do ambiente de trabalho proporcionaram uma melhor vivência desse momento pandêmico em todos os seus sistemas. Considerações finais: Observa-se neste período de crise sanitária, por meio da perspectiva sistêmica, a compreensão dos fenômenos observados nas experiências trazidas pelos participantes deste presente estudo. Por meio da visão de homem como sendo um ser gregário e pertencente a diversos grupos e sistemas, o papel crucial da equipe de saúde, do suporte da família, das estratégias de enfrentamento e da própria sociedade agindo tanto de forma agregadora a essa nova experiência, contudo, quando não há sintonia, não compartilham dos mesmos objetivos e não há sentimento de integralidade, acabam por se tornarem danosos aos próprios profissionais, repercutindo significativamente em sua saúde mental, bem como, na efetividade da própria equipe.