Aspectos emocionais das mães de recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso em uma unidade de terapia intensiva neonatal: um estudo qualitativo

Abstract

Introdução: O peso ao nascer é um significativo indicador da qualidade de vida das crianças e das suas mães. O muito baixo peso é considerado relevante no que se refere a taxa de mortalidade infantil e ao estresse materno e é apontado pela Organização Mundial de Saúde como o fator isolado mais importante. Os recém-nascidos com peso ao nascer igual ou inferior a 1.500g são denominados de MBP pelo Centers for Disease Control enquanto a OMS considera muito baixo peso a partir de 1.499g para menos. A experiência da internação de um bebê em Unidade de Terapia Intensiva neonatal para as mães é um momento difícil e pode resultar em uma crise emocional, pois coloca a mãe, diante de sentimentos de medo, impotência, limitações e situações que modificam o seu cotidiano e suas relações interpessoais e em alguns casos, sua saúde mental. Objetivo: Compreender as demandas emocionais de mães de recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso (MBP) internado em Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal e sugerir um manual na forma de livro digital. Método: Realizou-se uma pesquisa de abordagem qualitativa, participaram mães de recém-nascidos Pré-termos MBP internados em uma unidade de terapia intensiva neonatal de um hospital de referência na cidade de Recife/PE. Para a coleta dos dados utilizou-se entrevista que foi gravada, transcrita e analisada de acordo com a Análise de Conteúdo Temática recomendada por Minayo. O número de participantes foi determinado utilizando o método de Saturação de Conteúdo. O presente estudo seguiu todos os cuidados éticos conforme regulamenta a CNS 510/16, foi aprovado pelo CEP do IMIP, CAAE 09098919.6.0000.5201. Resultados: os resultados obtidos no presente estudo resultaram em dois produtos: O primeiro, apresentado na forma de artigo, será encaminhado a revista Psicologia em Estudo e o segundo, no formato de livro digital, um manual com recomendações para a equipe de profissionais que atua junto a essas crianças e suas respectivas mães reproduzido em forma de e-book. Participaram do estudo dez mães. No que se refere ao perfil das participantes, a maioria era proveniente, do Interior do Estado de Pernambuco. A média de idade foi de 27,3 a 32 anos. Todas as mães tiveram acompanhamento pré-natal conforme recomendado e preconizado pelo posto de saúde ou hospital onde estavam sendo acompanhadas. A renda familiar variou de um a dois salários mínimos em mais da metade das participantes. A maioria das mães relatou ser evangélica. No que se refere ao estado civil, seis eram casadas, quatro solteiras e uma separada. O peso ao nascer do recém-nascido pré-termo, variou entre 650g à 1449g. Através da análise das entrevistas foi possível identificar cinco temáticas: Sentimento e emoções vividas durante a gestação e após o nascimento; Vivência Emocional após o nascimento; Reação emocional frente ao filho na UTI e Informação sobre o tratamento do filho; Pensamento relacionados ao Filho e Vivência como acompanhante na UTI; Apoio da Família. Através do conteúdo das temáticas foi possível concluir que o fato da mãe dar à luz a um bebê que necessita de atenções especiais, as fazem se sentirem em alguns momentos desamparadas do ponto de vista emocional. Discussão: alguns aspectos se destacaram ao longo dos resultados encontrados, um deles consiste no fato de todas as mães apesar de terem realizado pré-natal, foram surpreendidas pelo evento da prematuridade dos filhos. Observou-se também que apesar de o recém-nascido Pré-termo ter sido entendido como o principal agente estressor vivenciado pelas mães, a oportunidade de estar ao lado dos seus bebês foi o fator mais importante para a amenização de possíveis sintomas de desorganização emocional nas mães. Outros resultados foram identificados tais como o sentimento de esperança das mães, a presença da espiritualidade. Quanto ao papel da equipe multidisciplinar, é importante promover a qualidade da assistência e ter o entendimento das situações emocionais das mães no intensão de minimizar os riscos de estresses, depressão, ansiedade e pensamentos negativos diante da condição especial na qual elas se encontram tornando assim parte integrativas das ações humanizadas. Esses dados ilustram achados encontrados na literatura. Conclusão: Foram identificadas falas que expressavam, aflição, estresse, angústia, ansiedade, apreensão, inquietação, medo, nervosismo. Falas que se referiam a esperança, amor e fé também foram identificadas. As reações de enfrentamento foram peculiares a cada mãe, pois perpassavam a história de vida de cada uma, pelo significado do seu filho em suas vidas, pelos projetos pessoais e familiares.