Análise do comportamento violento na avaliação psicológica pericial para o trânsito

Abstract

RESUMO Cenário: A cada ano o número de mortos e feridos no trânsito aumenta. É possível que os números estejam evidenciando que a saúde mental dos condutores deve ser verificada periodicamente. Na atualidade discute-se sobre a importância da Avaliação Psicológica Periódica para concessão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), seus objetivos e sua prática. Nesse contexto, de acordo com a literatura, existe certa carência de estudos sobre a suposta interação entre a violência e os acidentes de trânsito. Objetivos: Analisar os comportamentos violentos, de agressividade e do Transtorno Explosivo Intermitente (TEI) e sugerir um produto técnico educacional sobre o tema. Método: Foi realizado um estudo observacional do tipo corte transversal. A coleta dos dados foi realizada em uma empresa de psicologia especializada em avaliação psicológica, no período de 20 de outubro a 20 de dezembro de 2023. Os instrumentos para coleta dos dados foram, um questionário para compor o perfil clínico, social, emocional e comportamental dos participantes, e a avaliação psicológica por meio dos seguintes procedimentos: entrevista, questionário, Teste Palográfico, Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister e a Escala de agressividade EATA. Aspectos éticos: O estudo atendeu às determinações da resolução nº 510/2016, submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Faculdade Pernambucana de Saúde e aprovado, CAAE 71608223.6.0000.5569 e parecer 6.391.598. Resultados: Participaram do estudo 45 motoristas com idade entre 22 e 59 anos, todos funcionários ativos e do sexo masculino. Na análise dos dados foi possível identificar que o trabalho do psicólogo foi considerado importante na promoção da saúde. Nesse contexto, a avaliação psicológica pericial, foi apontada como um processo importante para obtenção e renovação da habilitação e para redução de acidentes de trânsito, onde 93% dos participantes acreditam na importância de ser avaliado para o trânsito. Discussão: Através da análise do Teste Palográfico, os indivíduos sinalizaram agressividade, emotividade e impulsividade acima da média, podendo ser um fator de risco para condução veicular. No que se refere ao teste das Pirâmides Coloridas de Pfister, os resultados demonstraram indícios de acentuada irritabilidade, impulsividade, agressividade e sobrecarga que pode gerar ansiedade. Na Escala de Agressividade EATA foi possível concluir que alguns participantes demonstraram forte tendência de ter condutas relativas à agressividade. Alguns estudos indicam que empresas contratam majoritariamente pessoas do sexo masculino para a profissão de motorista. Estereótipos como: homem é corajoso, agressivo, não chora, é forte, sustentam a família, mulheres são mais lentas no trânsito, pecam por excesso de coerência, são cautelosas e responsáveis, revelam formas de desigualdade e enfatizam que não é possível estudar o trânsito sem discutir as questões de gênero. Conclusão: Através da entrevista, do questionário e dos resultados dos testes de personalidade, em especial das Pirâmides Coloridas de Pfister, foram encontrados indícios de condutas agressivas que quando não canalizadas, podem refletir em violência no trânsito. Também há forte tendência a condutas relativas à agressividade, emotividade aumentada, indícios de excitabilidade, arrogância, medo de se expor, baixa tolerância à frustração, demonstrando sobrecarga de estímulo, podendo gerar ansiedade, agitação e estresse. Além disso, 38% dos motoristas afirmaram já ter sofrido violência no trânsito. Também foi possível identificar a percepção dos participantes a respeito da avaliação psicológica, 93% acham positivo fazer essa avaliação psicológica para reduzir acidentes de trânsito, e 98% acreditam no bom desempenho através dessa avaliação psicológica. O transtorno explosivo intermitente (TEI) deve ser melhor investigado, já que é recorrente as explosões e agressividade no ambiente trânsito, por meio de uma bateria completar como: teste projetivo, teste ou escalas de agressividade e questionários. Destaca-se a relevância social desse estudo, pois através da avaliação psicológica periódica é possível identificar aspectos da saúde mental dos condutores, que demandam a implementação de ações para promoção da saúde e preservação de vidas no trânsito, inclusive por meio de políticas públicas. Sugere-se mais pesquisas sobre o tema, ressaltando a correlação dos sinistros de trânsito com aspectos da personalidade, tais como: agressividade, impulsividade, emotividade, irritabilidade e ansiedade. Palavras-chave: Avaliação psicológica no trânsito. Violência. Comportamento. Saúde mental