Análise das práticas educativas dos profissionais de enfermagem no ambiente hospitalar público

Abstract

Introdução: O processo de trabalho em saúde é caracterizado por sua complexidade, imprevisibilidade e incerteza. Isso está relacionado à variedade de eventos observados no processo saúde-doença e à intersubjetividade nas relações humanas. A fim de obter as mudanças almejadas na formação dos profissionais da saúde, são apontadas três abordagens pedagógicas que podem ser adotadas nas práticas educativas: a transmissão de conhecimentos, a do tecnicista, ou do condicionamento, e a problematização da realidade, que envolve a educação permanente. Identifica-se uma enorme contradição ao analisar a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a formação de seus profissionais: apesar do SUS ter passado por significativos processos de reforma por parte do Estado, cuja ação principal é o movimento pela Reforma Sanitária, a formação profissional mostra necessidade urgente de um movimento semelhante, isto é, pela reforma na educação. Apesar de ter sido capaz de criar estratégias que repercutiram significativamente nas metodologias de ensino e aprendizagem, o SUS não tem avançado em termos de formação, em virtude de práticas arraigadas e consolidadas entre seus profissionais. Objetivo: Este estudo visa a analisar as práticas de formação/qualificação dos profissionais de enfermagem no ambiente hospitalar público e identificar os desafios e as potencialidades para o desenvolvimento da educação permanente. Método: Trata-se de estudo qualitativo, com amostra intencional composta por 22 enfermeiros e 7 gestores. O estudo foi fundamentado na Teoria da Problematização, de Paulo Freire. A coleta de dados foi realizada de fevereiro a abril de 2013. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo proposta por Bardin, em sua modalidade temática. Resultados: Constatou-se que a formação demanda melhorias em termos de integração com o setor responsável pelas atividades educativas em saúde, assim como em termos de condições estruturais e capacitação dos profissionais de enfermagem para a utilização de uma metodologia participativa que possibilite a reflexão crítica em seu cotidiano de trabalho. Conclusão: A pedagogia da transmissão mostra-se hegemônica no local do estudo, apesar de haver indícios de um movimento inicial para a aplicação da Teoria da Problematização.